sábado, 16 de outubro de 2010

Perseu e a Medusa


Acrísio, rei de Argos, era pai de Dânae, uma linda moça, mas estava desapontado por não ter um filho. Quando consultou o oráculo sobre a ausência de um herdeiro homem, ele recebeu a informação que nunca geraria um filho, mas no futuro teria um neto, e ele seria a causa de sua morte.

Acrísio tomou medidas extremas para fugir deste destino e isolou Dânae no topo de uma torre de bronze para que ela nunca tivesse contato com nenhum homem e, assim, nunca tivesse um filho. Mas um dia, Zeus, do alto do Monte Olimpo, a avistou e se encantou com a sua beleza. Ele se transmutou em uma chuva de ouro e assim conseguiu penetrar por entre as grossas barras da janela da torre. Dânae, então, deu à luz a Perseu, mas Acrísio ainda tinha esperanças de evitar o destino.

Mandou construir uma arca de madeira, colocou Dânae e seu filho dentro e lançou-os ao mar.
Durante dias e dias os coitados flutuam à deriva, mas Zeus enviou ventos favoráveis, que sopraram mãe e filho pelo mar e os levaram suavemente à costa. A arca parou na ilha de Sérifo. Um honesto pescador chamado Dictis percebe a curiosa embarcação. Ele liberta Dânae e o filho e os leva até o rei da ilha, Polidectes, que resolve proteger os exilados.

Os anos passaram e Perseu transformou-se num rapaz forte e corajoso, que atrapalhava os planos do rei Polidectes de se casar a força com Dânae. O rei da ilha, para ficar livre do filho de sua amada, ordena-lhe que traga ao palácio a cabeça da górgona Medusa.



A medusa era um monstro terrível, sua cabeleira era formada por várias serpentes embaraçadas, seus dentes compridos e pele escamosa davam-lhe um aspecto assustador. Mas além disso, há uma coisa bem pior: o olhar de Medusa transforma em pedra todos que têm a audácia ou a imprudência de olhá-la.

Mas Medusa nem sempre foi assim tão horrenda, pelo contrário, ela era uma linda sacerdotisa da deusa virgem da sabedoria Atena. Ela era tão linda que até mesmo o deus do mar Poseidon a cobiçava. Um dia ela cedeu às investidas do deus e deitou-se com ele no templo de Atena. A deusa ficou tão furiosa com aquele insulto que castigou Medusa, transformando-a numa aberração, para que nunca mais atraísse homem algum.

Atena, a pior inimga de Medusa, resolve ajudar Perseu em sua aventura e lhe dá uma espada e um escudo tão bem polido, que tal qual num espelho, podia se ver o reflexo ao olhar para ele. Hades emprestou seu capacete que torna invisível quem o usa, e Hermes deu a ele suas sandálias aladas e mostrou a Perseu o caminho até as Gréias, que eram as únicas que sabiam como chegar até Medusa - afinal, eram irmãs dela.

As Gréias eram três velhas irmãs que pediram aos deuses a vida eterna mas esqueceram de pedir juventude eterna, portanto envelheciam sem morrer. Decrépitas, tinham somente um olho e um dente que elas compartilhavam entre si. Invisível, Perseu conseguiu se apoderar do olho e dente delas, recusando-se a devolvê-los até que elas mostrassem o caminho que lhe permitiria chegar até Medusa. As Gréias fazem qualquer coisa para obterem o olho e o dente de volta, e contam tudo a Perseu. O herói, então, parte para o ocidente, onde vive a temível górgona.

Perseu encontra uma paisagem macabra e desolada. Nenhum pássaro canta, nenhum ser vivo se move naquele deserto semeado de estátuas de todos os infeliz já petrificados por Medusa. Caminhando com prudência, Perseu aproxima-se da górgona. Procurando não olhar diretamente para ela, o rapaz fixa os olhos no escudo de Atena e guia-se pelo reflexo da criatura. Em poucos instantes, chega bem perto da górgona, em cuja a cabeça as serpentes agitam-se e silvam. Com um único golpe de espada, Perseu decapita a Medusa, agarra-lhe a cabeça sem olhá-la e foge com ela metida numa sacola de pano. Do pescoço cortado de Medusa, nascem Crisaor, o guerreiro da espada de ouro, e Pégaso, o cavalo alado. Eles eram fruto do relacionamento de Medusa com Poseidon. Em algumas versões, Perseu foge voando com suas sandálias aladas mesmo, mas em outra, ele vai embora montado em Pégaso.




No caminho de volta, ao sobrevoar a Etiópia, Perseu avistou lá embaixo, uma bela donzela presa numa rocha à beira mar. Era Andrômeda. Sua mãe era uma mulher egocêntrica que ousou se vangloriar de que sua filha era mais bonita do que as filhas do deus Nereu, as Nereidas, que eram ninfas de extraordinária beleza. Ofendidas pela arrogância da rainha, elas pediram a Poseidon que punisse a rainha e seu reino. O deus do mar enviou o monstro marinho Cetus para devastar todo o reino,  e isto só poderia ser evitado se fosse oferecida em sacrifício a filha da presunçosa rainha, Andrômeda, entregando-a para ser devorada pelo terrível monstro.

A princesa, então, teve de ser acorrentada a beira mar para esperar o seu terrível destino. Perseu apresenta-se ao rei Cefeu, pai de Andrômeda, e propõe salvar sua filha, sob a condição de depois casar-se com ela e levá-la para Sérifo. Cefeu, sem escolha, concorda. Então, Perseu, montado em Pégaso, voa até chegar perto da cabeça do monstro gigante, então ele tira a cabeça da Medusa da sacola e mostra ao monstro, que pedrifica-se totalmente. Andrômeda, liberta, se joga nos braços de seu belo salvador.

Como Andrômeda insiste, o rei manda preparar a festa de casamento. Todos se divertiam, até que a festa foi interrompida por dezenas de homens armados. Eram Fineu e seus capangas, ele era um pretendente de Andrômeda, e agora quer assassinar Perseu. Com muita coragem, Perseu começa a lutar e liquida muitos adversários. Mas, quando se vê perdido diante de tantos inimigos, percebe que a derrota é certa, então ele fecha os olhos e tira de dentro da sacola a cabeça da Medusa. Num instante, o exército inteiro transforma-se em pedra. Perseu e Andrômeda, montados em Pégaso, voltam voando para Sérifo.

Ao chegar em casa, Perseu vê uma desordem. Polidectes e seus seguidores vão atrás de Dânae para violentá-la. Perseu convoca seus amigos para lutarem com ele, mas o rei e seus fiéis eram em muito maior número. Quando a batalha parecia perdida, o herói lembra do que ocorrera com Fineu e seus capangas quando fixaram os olhos no olhar petrificante da Medusa e diz: "Aqueles que forem meus amigos, que fechem os olhos". Os que acreditaram então fecham seus olhos e Perseu ergue a cabeça da górgona e todos que estavam contra ele (e inclusive alguns amigos descrentes) são petrificados.

O herói deixa com Dictis o trono de Sefiro e volta com Dânae e Andrômeda para Argos. Lá, Perseu resolve participar dos jogos atléticos que estão sendo realizados. No lançamento de disco, ele arremessa com muita força esse pesado objeto de metal. então, seja pela mudança do vento, seja pela vontade dos deuses, o disco desvia-se de seu rumo e atinge um espectador: Acrísio, o avô de Perseu. Cumpriu-se então a previsão do oráculo da qual um dia o velho tentara tanto se livrar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

John Wayne Gacy, o "Palhaço Assassino"

Nascido em Chicago no dia 17 de março de 1942, John Wayne Gacy teve uma infância meio traumática: era espancado sem grandes motivos e chamado de "bichinha" pelo pai alcoólatra, que também batia em sua mãe. John era o único filho homem, tendo duas irmãs.

Aos 11 anos, John Wayne Gacy foi atingido na cabeça por um balanço, o que lhe causou um traumatismo craniano. Nos cinco anos seguintes, periodicamente sofria escurecimentos da visão. Foi descoberto um coágulo em seu cérebro, que foi removido cirurgicamente, e houve a redução do problema. Mas ele continuou fraco de saúde, o que fez com que se afastasse de atividades mais masculinas, como esportes violetos.

Apesar de todos os problemas, Wayne formou-se na faculdade de Administração, casou-se e administrava muito bem um pequeno restaurante com sua esposa. Até que acabou sendo acusado de ter abusado sexualmente de um jovem empregado. John Wayne Gacy contratou um adolescente assassino para espancar uma testemunha da promotoria, e mais acusações pesaram sobre ele, assim só piorou a sua situação e pegou dez anos de prisão, mas foi solto em dois anos por bom comportamento. Entretanto, sua esposa o largou neste período. Gacy voltou então para Chicago.

Depois disso John Wayne tornou-se uma cidadão exemplar, trabalhando com a política local e se fantasiando de palhaço em festa infantis, ficando muito querido pelas crianças da cidade, o tipo de pessoa que dificilmente cometeria algum crime...


Foi então que começou a matar, perto de fazer 30 anos, em 1972. Muitas vezes atacava conhecidos, mas em outras ocasiões abordava pessoas na rua, às vezes de uma forma convidativa, outras mais intimidativo. suas vítimas eram todos homens – adolescentes ou jovens adultos. Os rapazes recebiam propostas de emprego, iam até a casa de Gacy, eram embebedados, amarrados numa cadeira e sexualmente violentados. Sodomizava-os, torturava-os e depois os matava, geralmente sufocados ou estrangulados. Jogava os corpos no porão de sua casa, sob um alçapão oculto.

John Wayne foi pego em 1978. Sua empresa prestou um serviço de reforma a uma loja, e nesta loja Gacy convidou um jovem a trabalhar em sua firma. O jovem, quando foi encontrar Gacy à noite, disse a amigos o que estava indo fazer. Quando se notou o seu sumiço, a polícia foi à casa de Gacy e sentiu o odor pútrido da morte. Entretanto, não foram encontrados corpos, mas: sedativos, algemas, livros sobre homossexualismo, instrumentos para “jogos” sexuais, uma pistola, um pênis de borracha, maconha, além de objetos que aparentavam não pertencer a Gacy.


A polícia começou a periciar as evidências e instituiu vigilância sobre ele. Descobriu-se então sobre o seu passado (a condenação em outro estado) e que vários empregados seus, que geralmente eram menores, haviam desaparecido. Acabaram, então, voltando à sua casa, que ainda tinha aquele cheiro horrível. "É só um entupimento nos canos de esgoto", explicou Gacy, tentando enganar os policias novamente, mas desta vez eles decidiram investigar. No porão, sob o alçapão oculto, foram encontrados os restos de vinte e nove garotos entre nove e vinte e sete anos, com sinais de tortura, violências sexuais e estrangulamento.

Em 1988, Gacy foi condenado a 21 prisões perpétuas e 12 penas de morte. Já preso, John Wayne Gacy tentou culpar “Jack Hanson”, uma suposta segunda personalidade sua. Em um depoimento, desenhou um mapa com a disposição dos corpos – em seguida, aparentou desmaiar. Quando “voltou a si”, disse que foi “Jack” o autor do desenho. 

Enquanto aguardava no Corredor da Morte do Menard Correctional Center de Illinois, Gacy - apelidado pela imprensa de "Palhaço Assassino" - passava o tempo fazendo desenhos infantis, especialmente palhaços.

Uma das pinturas de John Wayne Gacy

Apesar das contradições e negativas, alguns fatos foram descobertos sobre seu modus operandi: sabe-se que gostava de ler passagens bíblicas enquanto enforcava as vítimas; outras vezes, vestia-se de palhaço enquanto as torturava. Enfiava as cuecas dos rapazes em suas bocas para sufocá-los. John Wayne Gacy encaixa-se perfeitamente na fantasia do “Palhaço Assassino”.

Tinha uma rotina obsessiva na cadeia: anotava cada ligação, carta ou visita recebida, e até mesmo o que comeu. Conta-se que, nos 14 anos que esteve preso, passou a abusar de álcool e tentou suicídio.
Pouco antes de morrer, em 1994, de injeção letal, já sedado, pronunciou suas últimas palavras: “Kiss my ass!” (Beije minha bunda!).